O segredo que todo mundo sabe

Tem uma passagem curtinha que aconteceu quando João Luiz estava aprendendo a falar com a inocência característica de um bebezinho de menos de 2 anos. Ele já caminhava desde o aniversário de um ano e era curioso como convém a toda criança.

Explorando sua curiosidade e desejoso de ver seu gracioso deslocamento ainda cambaleante, eu dizia com voz entusiasmada:

-Papai, papai, venha aqui preu contar um segredo no seu ouvido!

Ao ouvir a palavra segredo ele desbandeirava em minha direção e eu o acolhia no calor do meu abraço, aproveitando a satisfação de beijar sua bochechinha antes de sussurrar no ouvido dele:

– Papai ama você!

Ele olhava pra mim feliz, meio acanhado e logo saia diante da inutilidade imediata da informação para a vida dele.

Mas eu gostei da experiência e repeti-a ainda algumas vezes, sempre que queria atraí-lo para perto de mim explorando sua aguçada curiosidade.

Em dado momento, ele até cansou da brincadeira e opôs resistência em se aproximar para ouvir aquele “segredo” batido.

Mas um belo dia o jogo virou.

João Luiz me surpreendeu:

– Papai, quer contar um segredo.

Uau, que maravilha!

Já sabia o que ia acontecer: estava prestes a ouvir uma declaração de amor do meu pequeno. A primeira de maneira voluntária.

Abaixei e ele entrou no perímetro de meu abraço. Fez mãozinha de concha e sussurrou aquelas poucas e inesquecíveis palavras em meu ouvido:

– Eu ama mamãe!

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