AmarElo

Eu conhecia Emicida só de nome e de televisão.

Admirava-o pela atitude e pelo discurso, mas não sabia nada de sua obra.

Hoje a Netflix puxou o trailer de “Emicida: AmarElo – É tudo pra ontem”.

Não pude deixar de assistir imediatamente. Só aquele teaser já tinha me deixado marejado.

Senti que a mitologia do povo que construiu o Brasil foi reescrita.

Dessa vez, o sol não derreteu as asas de Ícaro.

Seu AmarElo “uniu as possibilidades” e fez Ícaro voar mais alto e mais forte. Agora ele volta pra baixo para provar que voar é possível e explicar como muitos antes dele já haviam voado.

Lançando em 08 de dezembro, sob a força do elo de amor dourado de Oxum, o AmarElo mostra sua fertilidade e criatividade na boca de Exu, que fala a verdade doa a quem doer.

Não sei dizer se é um documentário ou um show.

A descrição da obra diz: “Num palco histórico, ele quer criar uma ponte para conectar um passado de dificuldades a um futuro de mudanças sociais”.

AmarElo é carregada de história e simbolismo. Mostra de forma mais leal a importância e contribuição do povo negro para o Brasil.

Dentre os vários simbolismos retratados, chama atenção o que chama de “tomada do Municipal”. Recordou-me a revolucionária e icônica tomada da Bastilha, que marcou uma “mudança de tempo”.

A tomada do Municipal mostra que o nosso tempo contemporâneo é melhor, apesar dos reclamos de quem se incomoda com a evolução que estamos passando e diz que “o mundo está ficando chato”.

Para os racistas, homofóbicos, xenofóbicos, misóginos e retrógrados de toda sorte o mundo está ficando chato mesmo, porque seus preconceitos não cabem mais no lugar do hoje.

Emicida triunfa e “seu canto torto feito faca corta a carne” do pessoal que reclama do “mimimi” da dor dor outro.

No final, um dos significados de AmarElo canta unindo a diversidade: Chega de preconceito de todo gênero! E grita para todo mundo ouvir o Black Power.

É emocionante.

Foi assim que vi a obra.

Se não enxerguei melhor pode ter sido porque uma vista ainda esteja nublada de preconceito e a outra, de lágrimas.

Recomendo a todos.

(Escrito em 08 de dezembro de 2020)

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