
Ai ai…nessa vida de contador de história eu recebi um relato de uma amiga que me rendeu uma deliciosa gaitada e por isso vou compartilhar com vocês o ocorrido.
Aliás, essa amiga é a Paula, que já figurou como musa inspiradora de outro relato, e eis que o fato que segue ocorreu com os pais dela.
Que família, hein?!
Pois bem. Nossos heróis da vez são um casal de notáveis de nossa Itabaiana Grande. Família respeitabilíssima com filhos e netos.
Ele, um senhor distinto, comerciante de renome, sempre apresentável. Em qualquer lugar que o encontre você perceberá a imponência da barba emoldurada pela impecabilidade das vestes. Mais alinhado que fi de alfaiate.
Ela, empreendedora, escritora, envolvida com movimentos sociais, amante de plantas e bichos. O dinamismo em pessoa, uma mulher mão na massa!
Em um belo dia, quando a quarentena ainda fazia jus ao nome, ela foi ao sítio do casal que estava sem caseiro e, vendo muito por fazer, não titubeou em arregaçar as mangas.
Enxada pra dentro do serviço, cuidou do galinheiro, roçou as fruteiras, arrumou o canto dos cágados e em pouco tempo já estava perfeitamente desgrenhada e suada como convém a quem bem se entrega a um trabalho manual raiz.
Já descomposta de sua apresentação original, a mulher foi abordada na porteira do terreno por um pedreiro que perguntava por seu marido.
– Barba está?
– Está não. Só com ele?
O pedreiro ficou meio desconfiado em compartilhar os acordos de seu patrão com aquela desconhecida que julgou ser a caseira, então redarguiu:
– Você é o que dele?
Ela, de bate pronto:
– Esposa.
O pedreiro, tomado de susto, devolve de inopino:
– Mas não é a legítima não, né?!
(Que tal pegar uma dessas no meio do trabalho?! Eu imaginei uma resposta bem desaforada para a sequência, mas a vida de um brasileiro não dá chance nem aos melhores roteiristas de Hollywood. E, desaforos à parte, vamos contemporizar: o pedreiro não esperava ver a esposa daquele senhor elegante em trajes de serviço braçal.)
De bate pronto, ela devolveu naturalmente: não, eu sou a quarta…
Agora o espanto do pedreiro falou alto demais: A QUARTA?!
E ela, espirituosa e rápida, continuou a mangação: sim, a quarta. Mas eu vi um movimento ali dentro da casa e acho que estão a segunda e a quinta.
Aí o pedreiro perdeu a compostura e exclamou impressionado: ow bicho raparigueiro!!!
Se impressionou tanto com a informação que nem terminou a conversa direito. Deu as costas e foi embora pensando como se enganara com aquele distinto senhor. Nunca que imaginaria uma poligamia tão diversa praticada por aquele pacato cidadão.
A esposa, a “legítima”, continuou o serviço a rir caprichosamente do ocorrido. Nem desmentiu a troça com o pedreiro e nem contou o acontecido ao marido, que até hoje é olhado diferente pelo trabalhador, que por sua vez somente consegue pensar: fi da pé namorador… não tem que diga…
Sim, as aparências enganaram, enganam e continuarão a enganar os incautos e precipitados de toda sorte.
Pelo menos podemos rir desses causos…
Até a próxima!