JL, a piscina e a vulnerabilidade

Aracaju/SE.

Sábado, 28 de setembro de 2024

João Luiz não sabe bem a dimensão, mas hoje foi um dia muito especial pra nós (seus pais e sua família).

Ele pratica vários esportes por diversão: futebol, natação, queimado, basquete, beach tênis…Na fase atual, não o estimulamos na busca de desempenho, já que nossa intenção é propiciar que conheça e goste de esportes, mais como uma forma de praticar atividade física e desenvolver o emocional, aprendendo a trabalhar em equipe, ganhar e perder.

Em apenas um mês ele topou treinar para competir em outra cidade, em uma piscina que ele nunca havia entrado, com pessoas que ele nunca havia visto e diante de uma plateia de pais super inflamados na torcida pelos seus.

Pensei que ele pudesse sentir a pressão e refugar.

Mas qual o que!

Sentiu a pressão sim. Depois me disse que só queria acabar e ir embora logo.

E antes disso, havia perguntado:

– E se eu não conseguir?

– Não conseguir o quê?

– Não conseguir ganhar…

– Não tem problema. Vá lá hoje e nade o melhor que você puder. Como você treinou pouco, não adianta querer ganhar de qualquer forma. Seu objetivo hoje é concluir a prova, não se machucar e baixar seu tempo. Se vc abaixar seu tempo ainda terá quebrado um recorde pessoal.

Então ele não fugiu da raia.

Pelo contrário, nadou na raia 3.

Duas provas, ainda mais! Crawl e costas.

Só de ter enfrentado o desafio, com 7 anos, ele já desagravou toda a covardia do pai em uma vida inteira de esporte escolar.

Ficou em 3ª na sua bateria de crawl e em 1ª na bateria de costas.

Não temos os tempos finais ainda.

Certo é que os resultados não chegaram nem perto de uma medalha. Mas isso também não importa.

Ele foi um grande campeão quando enfrentou o desafio e soube lidar com sua vulnerabilidade.

Nem se preocupou com as críticas daqueles que estão na plateia apontando “onde foi que o homem tropeçou ou como o autor das façanhas poderia ter feito melhor.”

Soube buscar a vitória e encarar a derrota no olho, sem se abalar.

Saiu acreditando que na próxima fará melhor.

Então, emocionalmente, ele venceu a prova, com louvor!

Que alegria. Que orgulho do nosso filho.

Eu não desejo que ele seja esportista, bombeiro, médico ou engenheiro.

Não desejo que ele seja o melhor de todos.

Ser o melhor que ele pode ser já é uma marca especial e que poucos alcançam.

Não precisa competir contra ninguém, nem no esporte e nem na vida.

E a natação mostra isso muito bem porque marca os tempos e possibilita que se veja a evolução em um milésimo de segundo que seja. Apesar de não perceber e pensar que não. Sim, você está melhorando. Sim, seu esforço está dando resultado.

O que vale é sempre tentar melhorar a si próprio sem medir seu sucesso pela régua do outro. No esporte, como na vida, as derrotas são bem mais frequentes que as vitórias.

E está tudo bem. 

O que vale é a jornada, a gana de melhorar, a habilidade de lidar com a frustração, o desejo de voltar na próxima e fazer melhor. O que vale é se respeitar e se alegrar pelo próprio esforço, pela própria superação.

E não precisa se superar sempre. Não precisa ser sempre melhor do que foi ontem. Fazer o melhor que pode ser feito e que se deseja fazer com as circunstâncias atuais já é uma grande vitória. 

Não é necessário se tornar um escravo do alto desempenho, buscando uma meta sempre maior e que, com o tempo, se torna inalcançável, tal qual  um cachorro correndo atrás do rabo. Essa lógica vale para quem busca alto desempenho em algum momento da vida e para algum objetivo específico, mas se ela se espraia para todos os aspectos, torna o viver cruel e pouco prazeroso.

Pois bem. Foi um dia especial premiado com um Mc lanche feliz e um bom sorvete no cascão dividido entre toda a família.

À noite, assistimos ao filme “A jovem e o Mar” na Disney.

(Um excelente filme, vale a pena. Escreverei sobre ele.)

Antes de encerrar, acredito que esse texto será um registro histórico para nossa família, por isso deixo consignado nossos agradecimentos a Irlan, primeiro professor de natação de JL. Teve habilidade e calma de ensiná-lo a nadar, sabendo estimulá-lo com perspicácia. Por Irlan, temos tranquilidade de deixar JL na piscina (sob supervisão) sabendo que ele consegue se virar para brincar sem se afogar.

E também o agradecimento para a professora Érika, do nosso Colégio Dom Bosco. Treinou JL e estimulou-o a nadar 2 provas. 

Aliás, o Dom Bosco foi o único colégio do interior que participou desta 3ª etapa dos jogos de natação das escolas de Sergipe, organizado pela Federação de Natação de Sergipe (Confederação Brasileira de Desporto Aquático), com etapa sediada no Colégio Master.

Fiquei satisfeito que o Dom Bosco estivesse representado por 3 atletas no masculino. E também por meninas no turno da manhã.

Sem dúvidas  é um dos aspectos que esperamos de um colégio: o desenvolvimento no esporte.

Parabéns, meu filho!

Hoje você ganhou sua primeira medalha. Uma valiosa medalha de participação, que vai ficar guardada como um símbolo de sua coragem e determinação.

Por hoje, é descansar aproveitando a sensação de estar vivendo um dia de Glória!

3 comentários em “JL, a piscina e a vulnerabilidade”

  1. Que sorte a de JL! Se esse menininho de 7 anos tem essa força e coragem, vem muito da educação, amor, atenção e presença desse pai. Crescer com um vínculo forte de amor paterno traz essa firmeza de espírito para as demandas da vida. Parabéns, papai. Obrigado pela partilha. Sua escrita tem emoção e verdade. Eu imagino seu filho já homem lendo suas crônicas. Não tenho dúvidas do orgulho que ele sentirá. É o que sinto. Te amo!!!!

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