Matemática não é fácil!

Matemática a gente sabe… É aquele calo no pé da maioria dos estudantes.

O Google diz que 89% dos estudantes saem do ensino médio sem o conhecimento mínimo esperado. Se o percentual está certo, não sei.

Mas a verdade é que muitos sentem alívio ao entrar na faculdade e não mais precisar esquentar a cabeça com cálculos e fórmulas.

É uma matéria que marca a história de cada estudante, seja como um aspecto de dificuldade ou de vantagem em conseguir se desenvolver bem. 

Fato é que se você sentar em uma mesa, todo mundo tem uma história pra contar sobre o que viveu no aprendizado dessa linguagem universal.

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E por falar em história, tem uma boa que aconteceu com Paula e merece o registro.

Paula foi aluna padrão, com boas notas e aprovação tranquila na média. Alguns destaques e algumas escorregadas. Nada mais comprometedor.

Cursou arquitetura e, ao formar, buscou concursos públicos.

Quando pegou os editais, verificou que sempre havia uma parte de conhecimentos gerais e outra de conhecimentos específicos, com assuntos da faculdade.

Pensou logo: o específico pode deixar comigo. Agora preciso fazer a diferença no geral!

Uma olhada mais minuciosa no edital e…

SURPRESAAAAA! Matemática!

“Eitaaaa! Agora deu certinho…Deve ser só nesse concurso. Vou procurar outro.”

Mas qual o que…

Em todas as provas lá estava a bendita matemática. Só mudava o tamanho do conteúdo, mas do desafio não tinha como fugir.

Era encarar a matéria de frente ou esquecer o concurso.

E eu não tinha avisado a vocês antes, mas Paula não é de fugir dos desafios.

Entra com tudo… e pra ganhar!

Uma espécie de Xena Guerreira dos anos 2000.

Então é desnecessário dizer que ela se desenrolou para aprender a bendita matemática.

 Mas já sabia que ia ser complicado: a bicha era tinhosa, não dava facilidade.

Paula partiu com tudo. Toda tarde era uma briga de foice no meio da feira. Coisa feia mesmo. Sangue, suor e lágrimas!

Batalha fechada, prova se aproximando e um empate técnico rolando. Estilo guerra de trincheira. Ninguém avançava de posição.

Paula viu que precisava de apoio. Mas como garantir ajuda num confronto homem a homem? Era um contra um…

Só que ao testemunhar aquele desespero, sua irmã deu uma luz:

– Procure um professor particular para acelerar o aprendizado.

E a solução já veio pronta, com a indicação do salvador da pátria.

– Lembra de Julius, que é primo da namorada do soldado que é casado? Ele foi seu professor e dá aula de banca…

Tava na cara o caminho do sucesso. Só Paula não tinha visto.

É claro que ela correu para entrar em contato com o professor e logo explicou a situação: precisava estudar matemática para um concurso e queria aulas particulares para garantir a vaga pública.

O professor confirmou que entendeu o caso e marcou dia e hora.

Na data aprazada, lá estava nossa esperançosa heroína pronta para receber a instrução que lhe garantiria acertar uma pedrada bem na testa do Golias esfingético.

Entrou para os fundos do quartel general e já no corredor ouviu o barulho de outras pessoas.

Estranhou. “Será que a aula não será particular? Ou Será que tem outras pessoas estudando pro concurso?”

Quando chegou no ambiente, surpreendeu-se. 

De imediato, um grupo de imberbes olhou-a com curiosidade.

Ela, por sua vez, pensou: parece que a aula particular não vai ser tãããão particular assim.

Mas tudo bem dividir o QG com outros guerreiros mais jovens e menos graduados.

O objetivo de todos os guerreiros era o mesmo: vencer a matemática.

Então Julius posicionou a Paula ao redor da mesa redonda e não fez cerimônia.

Aplicou o velho método de treinamento. Aquele mesmo dos tempos de colégio, quando o objetivo era bem mais simples: apenas tirar a nota pra alcançar a média e passar de ano.

Ele abriu o livro, entregou a candidata e instruiu:

O assunto é esse. Vá lendo…

E logo pôs-se solícito: qualquer dúvida, é só perguntar. Tô aqui.

Antes mesmo de pensar sobre a eficácia do treinamento, o professor já havia saído em demanda dos demais orientandos.

Mal Paula abaixara a vista, quando ouviu o professor se dirigir para o resto da turma:

“Tá vendo ai…”

A introdução chamou atenção.

No momento em que ouviu a frase em tom de advertência, Paula percebeu algo estranho e voltou sua atenção à fala do comandante para o restante da tropa.

Por uma fração de segundo, a mente dela ainda elucubrou qual seria o aviso valioso, mas não encontrou resposta.

Feito o breve intervalo na entonação da fala, o professor retomou a revelação do segredo para a turma de quinta série e que poderia ser a grande sacada para garantir sua aprovação.

Paula escutou atenta e terminou  incrédula.

“Tá vendo aí o que acontece com quem fica na aula só conversando…mais pra frente volta para pedir ajuda ao professor de novo.”

Ao ouvir a sentença, o sangue de Paula esquentou. E quando as pernas voltaram a responder ela tomou o rumo de casa, sentindo um misto de indignação e constrangimento.

Ainda na saída, passando pelo mesmo corredor pelo qual mal acabara de entrar, só conseguiu pensar: matemática não é fácil…

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